
UM TEATRO COM MIGRANTES E REFUGIADOS
SOBRE PARTIR, CHEGAR, ESPERAR E CONSTRUIR
O PROJECTO
Uma viagem com pessoas que tiveram que migrar ou procurar refúgio
“Je vais te raconter une Histoire Bizarre.” Foi assim que Juliette, uma mulher de 40 anos vinda de Congo respondeu à pergunta “como a posso a ajudar?” Depois de um longo silêncio, contou a sua história. A história da sua vida, da sua viagem, da sua chegada e dos seus sonhos. Uma História Bizarra.

A EQUIPA
Os profissionais que nos ajudaram a contar e construir os relatos dessa diáspora contemporânea

Formado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, é atualmente interno de Psiquiatria no Hospital Fernando Fonseca. Realizou voluntariado médico com refugiados em Lesbos, Grécia e em Kutupalong, Bangladesh, com os refugiados Rohingya. Integrou a Associação de Estudantes da FMUL, onde foi Vice-Presidente para as relações externas, representando a International Federation of Medical Students Associations (IFMSA), na 41ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra. Estudou violino, composição e piano no Conservatório Nacional e na Escola de Jazz do Hot Club Portugal. Fundou a Orquestra Médica de Lisboa e a Orquestra Médica Ibérica, onde é atualmente maestro e diretor artístico. Foi Diretor artístico da Noite da Medicina 2018, no campo pequeno, do espetáculo “Clara”, no Tivoli, e do Sarau Cultural da AEFML.

Doutorado em Artes pela Universidade de Lisboa, Mestre em Arte e Educação pela Universidade Aberta, Licenciado em Teatro e Educação, e Bacharel em Teatro – Dramaturgia pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Actor e Encenador, é Professor Auxiliar da Universidade Aberta, Director Artístico do TUT - Teatro Académico da Universidade de Lisboa, e Coordenador e Investigador do GECAPA - Gabinete de Estudos de Cultura, Artes Performativas e Audiovisuais do CLEPUL. Já trabalhou como actor com diversos encenadores e realizadores, e tem encenado diversos projectos com crianças, jovens, universitários e profissionais, tendo participado em inúmeras produções de teatro, ópera, televisão e cinema. Foi director de produção do Teatro da Trindade de 1997 a 1999.

Tem o Mestrado em Teatro, especialização Teatro e Comunidade pela ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema e a Licenciatura em Artes Performativas pela ESTAL – Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa. Actor e Encenador em inúmeros projectos com diversos grupos e companhias, com apresentação em teatros como a Malaposta, Maria Matos, com dezenas de apresentações em Portugal e no estrangeiro. É também produtor tendo trabalhado nesta área nomeadamente com o Centro Cultural Malaposta e com a Associação Filhos do Lumiére.

Tem o Mestrado em Teatro, especialização Teatro e Comunidade pela ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema, e a Licenciatura em Teatro – Actores pela Escola Superior de Teatro e Cinema, para além de outras formações. É Actriz, Formadora e Produtora tem trabalhado em inúmeros projectos com diversos grupos e companhias, em teatros como a Comuna, São Luiz, Teatro Aberto, e com representações em várias lovalidades do país e estrangeiro. É atualmente atriz e produtora da associação Cativar, que realizou dezenas de espetáculos para crianças.

É doutoranda em Artes Performativas/Música pela Universidade de Lisboa, tem o Mestrado em Migrações, Inter-Etnicidades e Transnacionalismo, pela FCSH - Universidade Nova de Lisboa, o 8º Grau do Conservatório de Piano, da Academia de Amadores de Música de Lisboa. É Instrumentista, Compositora e Professora e Investigadora da Ethno Research, York St. John University. Integra as Circular - Vozes em improvisação dirigida, grupo vocal que explora a música do mundo através da improvisação em tempo real, e dirige o grupo das Vozes Tradicionais Femininas, Casa da Comarca da Sertã.

Actualmente é doutoranda na FMH na especialidade de Dança. Mestrado em Performance Artística/Dança pela FMH e Bacharelato em Dança/Espectáculo pela Escola Superior de Dança (IPL). Foi bolseira (BGCT) no INET-md entre 2019-21. Colabora com o Jornal de Letras como crítica de Dança desde 2013. Foi docente na ESTAL (2012-17). Trabalhou como intérprete com diferentes coreógrafos independentes e entre 2012 e 2017 foi intérprete da CIM em Edge. Como coreógrafa destaca 2º Parágrafo (2015).

Desenhador de Luz, tendo realizado mais de uma centena de espetáculos de Teatro, Ópera e Musicais, com inúmeros encenadores. Foi Júri da Secretaria de Estado da Cultura, para a aquisição de equipamentos de Teatro, e Responsável de equipe, no Teatro Camões, durante a Expo’98. Foi Consultor e Director Técnico do Festival de Teatro de Almada, e Director Técnico do Teatro Nacional D. Maria II até 2016.

Formado em representação na ACT - Escola de Actores e licenciado em Som e Imagem na ESAD. É actualmente mestrando em Estudos de Desenvolvimento no ISCTE, onde está a realizar uma tese sobre a integração dos refugiados em Portugal.. Trabalhou como assistente de câmara e iluminação na produtora Valentim de Carvalho, como assistente de produção na Endemol. Participou também em vários projectos de televisão, cinema e teatro enquanto actor. Em 2017 foi voluntário num abrigo de refugiados em Atenas através da Plataforma de Apoio aos Refugiados, onde cimentou e incrementou o seu interesse pelo trabalho humanitário.

Mestrado em Teatro, especialização Teatro e Comunidade pela ESTC – Escola Superior de Teatro e Cinema - e Licenciatura em Artes Performativas pela ESTAL – Escola Superior de Tecnologias e Artes de Lisboa. Foi Produtor Executivo para as áreas do Teatro, Música e Dança no Centro Cultural Malaposta, entre Fevereiro de 2002 e Outubro de 2014. É Director Artístico e de Produção da “IMAGINE Produções Criativas” desde Maio de 2014. Produtor Executivo do Projecto “Une Histoire Bizarre” – Associação Juvenil Ponte” – desde Setembro de 2021. Produção Executiva da Companhia “Comediantes de Lisboa” de Maio de 2008 a Janeiro de 2009. Produtor Executivo e Coordenador do Programa VIVER O TEATRO – Projecto de Apoio aos Grupos de Teatro Escolar do Concelho de Odivelas. Câmara Municipal de Odivelas Edições 2000/2001 e 2001/2002.

PARTICIPANTES
Trajetórias e culturas distintas unidas por uma dramaturgia
Através da voz de 15 pessoas refugiadas e migrantes atualmente residentes em Portugal, Une Histoire Bizarre é um relato genuíno, honesto e verdadeiro, por ser contado na língua original de cada um.

Alafraa chegou em 2019 com a sua mãe e as irmãs. O sonho de Alafraa é trabalhar numa organização que ajude as pessoas. Gosta de Portugal mas está cansada de não poder estudar, de não poder fazer nada e de ver apenas o tempo a passar. Um dia queria poder estudar psicologia e regressar ao Sudão ajudar as crianças e mulheres mais desfavorecidas. O que a faz mais feliz cá é ter a sua família e poder fotografar a cidade, a sua grande paixão.

Ali chegou a Portugal o ano passado. Nesta história bizarra tem encontrado um espaço de diversão e libertação. Durante os ensaios a sua extroversão, o seu riso e entusiasmo é contagiante. Quando canta, o mundo todo pára para o ouvir e da sua extroversão vem um eco de tranquilidade, paz e de casa que todos procuramos.

Bushra está em Portugal há 3 anos. Veio em 2019 da Síria para estudar turismo, ao abrigo da plataforma de apoio aos estudantes sírios, do presidente Jorge Sampaio. Para ela esta história bizarra é uma pequena família que se reúne todas as semanas, onde pode ser livre e sentir-se de novo como uma criança. Tem saudades de casa muitas vezes mas sabe que está melhor cá. O que mais gosta em Portugal é o sol e as pessoas.

Mahdi saiu do Irão em 2019. Teve um ano na Grécia, no campo de refugiados de Moria, e chegou a Portugal no verão de 2020. Sobre o passado, prefere não falar, a ele só lhe importa viver o momento e o dia-a-dia. O que mais gosta em Portugal é poder ter tempo, poder viver a vida que um jovem de 17 anos merece viver. Hoje está a acabar de estudar e começou a trabalhar. Sobre os seus sonhos, no seu português cada mais aprimorado, diz apenas “Só quero ser feliz. Sei que é simples, mas só isso chega-me”.

Huwaida é uma mulher de forças. Por ser demasiado audaz, foi obrigada a fugir do seu país em 2014 em direção ao Egipto com as suas 4 filhas. Em 2019, chegou a Portugal para dar mais oportunidades às suas filhas de crescerem num mundo melhor, de estudarem e de poderem sonhar. Estão cá há 3 anos sem aulas, sem escola. 3 anos paradas, inertes, à espera.

Saeideh e Faribourz conhecem-se há mais de 10 anos. Estão juntos há cerca de 5 anos e foi em setembro de 2021 que chegaram a Portugal, em busca de melhores condições de vida e de poder trabalhar na Europa. Não se identificam com o regime iraniano e querem poder ser livres. Adoram Portugal e o Une Histoire Bizarre tem sido essencial para conhecerem amigos e criarem uma rede de suporte no seu novo país.

Lana era jornalista. Saiu do Iraque em 2015. Esteve 3 anos na Turquia e depois veio para Portugal. Por cá o que mais gosta é poder ser livre, poder vestir-se como bem entender e poder andar segura nas ruas. Gostava de um dia poder ser atriz e neste projecto tem feito novas amizades que a têm ajudado muito a ajudar a superar os problemas da língua e da procura de emprego.

Márcia chegou a Portugal em 2020. Veio para poder dar melhores condições de vida e de ensino à sua filha, Malika. Desde que está cá, tem visto a sua filha a progredir cada vez mais nos estudos e a crescer e isso é a sua grande vitória em Portugal. Em Moçambique fez teatro e foi modelo. Ter a oportunidade de pisar um palco de novo é uma enorme felicidade.

Rawaa chegou em 2019 com a sua mãe e as irmãs. Estudou Geografia na Universidade do Egipto, onde viveu 6 anos e descobriu a paixão por ajudar outras pessoas ao fazer voluntariado. Gostava de poder ajudar a sua mãe por ser o seu grande suporte e modelo. Está à espera que o irmão possa um dia vir para Portugal.

Saeideh e Faribourz conhecem-se há mais de 10 anos. Estão juntos há cerca de 5 anos e foi em setembro de 2021 que chegaram a Portugal, em busca de melhores condições de vida e de poder trabalhar na Europa. Não se identificam com o regime iraniano e querem poder ser livres. Adoram Portugal e o Une Histoire Bizarre tem sido essencial para conhecerem amigos e criarem uma rede de suporte no seu novo país.

Modou Lamin, ou M.L, como gosta que o chamem, abandonou o seu país em 2016 onde deixou os seus dois filhos. Atravessou a Líbia e o mar mediterrâneo até chegar à Europa. Esteve na Holanda 3 anos mas decidiu vir para Portugal em 2020. Cá conheceu Sillah, também da Gâmbia, o seu melhor amigo. O seu sonho é poder contar ao mundo a sua história e educar para a igualdade, justiça e união, através do cinema, do teatro, da sua música ou da escrita.

A casa de Salomé é o palco. Estudou estudos teatrais na Nigéria e era atriz e coordenadora de uma companhia de teatro. Abandonou a Nigéria por ter a vida ameaçada e chegou a Portugal em 2020, onde tem trabalhado na Agricultura mas nunca na sua verdadeira paixão: a arte. Este projecto tem sido a sua oportunidade de regressar a casa, de cantar, de dançar e voltar a sentir o pulsar do palco.

Waad chegou em 2019 com a sua mãe e as irmãs. Em Portugal ainda não se sente completamente integrada, diz que lhe faltam amigos e uma rede de apoio que tem vindo a descobrir no teatro. Adora maquilhar-se e arranjar-se. No Sudão fez teatro infantil com a UNICEF. O seu sonho é abrir uma cozinha.

Marina chegou a Portugal a 10 de março. Tudo é novo e desafiante, mas foi neste palco e nesta história que encontrou um espaço onde pode contar a sua história especial. Desde o primeiro ensaio, sentiu-se sempre abraçada, apoiada e integrada nesta pequena família, que confessa que parece conhecer há vários anos. Depois de tantos anos, vai poder voltar a pisar um palco.

OS ENSAIOS
A cada dia novas histórias; uma Histoire
Iniciaram-se a 15 de Setembro de 2021 os ensaios semanais de Une Histoire Bizarre. Durante os primeiros 3 meses, criou-se um lugar semanal de liberdade, de partilha de experiências, de encontro de culturas, promovendo um espírito de grupo, de comunidade e de pertença entre todos.




